quinta-feira, 4 de março de 2010

"Só os idiotas são felizes"

"Idiotice é vital para a felicidade.
Deixe a pungência para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores.
No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota. (...)
Teste a teoria. Uma semaninha, pra começar.
Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que são: passageiras.
A briga, a dívida, a dor, a raiva, tudinho vai passar, então pra que tanta gravidade? Já fez tudo o que podia para resolver o problema?!
Parou, chorou, pediu arrego?!!
Ótimo, hora da idiotice: entre na Internet, jogue pebolim, coma um churrasco grego.
Eu fico chateada por não ser tão idiota quanto gostaria; tenho uma mania horrível de,
sem querer, recair na seriedade.
Então o mundo fica cinza e cada lágrima ganha o peso de uma bigorna.
Nessas horas não preciso de cenhos franzidos de preocupação.
Nessas horas tudo de que preciso é uma bela, grande e impagável idiotice !!!!
Como sair pra jogar paintball - ou, melhor ainda, me olhar fixamente no espelho até notar como fico feia com os olhos vermelhos e o nariz escorrendo.
Como fico ridícula quando esqueço que tudo passa. "

Ailin Aleixo - trecho do livro "Só os idiotas são felizes"

segunda-feira, 1 de março de 2010

Tem dias que a gente acorda querendo mais.
Hoje eu acordei querendo ser mais.
Querendo ser boa, realmente boa em alguma coisa.
Papo de adolescente que não sabe bem o que quer? Não sei. Já quis muitas coisas, continuo querendo outras. Mas hoje eu queria ser reconhecidamente talentosa em qualquer coisa que fosse. Nem que esse reconhecimento fosse só meu. (Talvez, que fosse particularmente meu.)
Mas queria que esse talento tivesse saída, tivesse produção. Por exemplo, eu sou boa nos estudos. Sempre fui, ainda sou. Mas estudo é uma coisa meio “acadêmica demais.” Meio egoísta, meio elitista, meio “só blábláblá”, sabe?
Já fui boa em passar em concursos públicos (hoje, acho que enferrujei). Já foi algo de que me orgulhei, que fui exemplo. Mas.. hmmm... foi algo meio empurrado pra mim. Não foi escolha minha, consciente, verdadeira.
Hoje, queria um talento que fosse meu, de mim pra mim mesma, pro meu coração.
Queria ser boa fotógrafa, boa cantora, boa psicóloga, boa escritora.
Boa não, que boa tem aquele cheiro de “mais ou menos”, “dá pro gasto”. Queria ser ótima. Já cansei de trabalhar mais ou menos, produzir mais ou menos, investir mais ou menos.
Pra eu ser boa, tenho que investir tudo. Tenho que investir a alma. Esquecer os riscos, os sacrifícios, as perdas. Não dá pra ficar repartindo alma, como quem reparte pedaço de bolo. Não dá pra viver mais ou menos. To cansada de viver como expectadora.
Só eu sei como isso é difícil pra mim, treinada pra ser equilibrada, pra ter bom senso, pra ser modesta, quase invisível.
Mais difícil, ainda, escolher onde investir a alma. Querer, com a alma, com a calma e a coragem.
“Sonho parece verdade... quando a gente esquece de acordar..”
Triste é não se deixar sonhar... ou realizar.