- Papai Noeeel!!!
Abriu a porta uma menina com seus 5 anos, com um brilho intenso nos olhos arregalados. Ajeitei a barba, cocei a garganta.
- Ho,ho,ho! Feliz Natal!
Por detrás da menina, percebi a chegada de sua mãe. Olhou para mim, a princípio surpresa.
- Papai No... Quem te mandou aqui? Foi o Norberto, não foi? Olha, você diz pr´aquele cafajeste do Norberto que se ele não pagar a pensão, não vai mandar presente nenhum para a filha!
Bateu a porta a 10 cm do meu nariz. E agora, como explicar toda a situação? Não, minha senhora, não foi o Norberto que me chamou, eu estava no vizinho, fui dar a volta na casa, o cachorro quis me atacar, eu pulei o muro... e agora estou aqui, preso no quintal da sua residência. Como explicar tudo isso?
Devagarzinho, a porta foi se abrindo novamente, descortinando dois olhos grandes e brilhantes no rosto infnatil.
- Fecha essa porta e entra, Maria Clara! Agora! - um grito rápido e certeiro, de dentro da casa.
E a porta se fechou. (*)
Aqui dentro de mim moram essa menina e sua mãe, que andou fechando portas demais...
Toma, menina, que as chaves agora são tuas.
(*) Adaptação livre de história contada no workshop ministrado por Marco Gonçalves, em Curitiba/PR, set/2011.
Carta de demissão
Há 7 anos
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